Hoje é o dia

 “Um dia fugimos os dois no meu carro e vamos sem mapas, sem rumo, sem destino, somente acompanhados do amor um do outro e da nossa música preferida para um sítio algures”, foi algo que me sussurraste ao ouvido numa noite em que nos encontrávamos numa festa, no meio de pessoas que não gostávamos, de pessoas que com que não nos identificávamos e que simplesmente nos dávamos pelo comum motivo do tem que ser.

  Hoje, encontro-me com o meu cabelo comprido a esvoaçar ao vento e com a minha mão fora da janela a contornar o ar, realizando a viagem dos meus sonhos e a viagem que todos, alguma vez, haviam de viver.
  Não há melhor sensação do que ouvir-te a cantar com os olhos imersos de felicidade e, melhor, não há melhor sensação do que te ouvir a cantar, só para mim. Agora e aqui eu consigo sentir tudo mais intensamente, consigo sentir os pormenores dos teus dedos cruzados com os meus e tenho tempo para reparar realmente em ti. Reparar em como és sem duvida o melhor que eu sempre tive, reparar no orgulho que tenho na pessoa que tu és mas, reparar principalmente em como te amo cada dia mais e, em como felicidade não seria o sentimento suficiente para te dizer o quanto me enches o coração.

  E eu não sei se é do tempo, eu não sei se é da música, se é de ti ou dos sítios onde ninguém vai por onde temos parado mas hoje eu não consigo não sorrir. Hoje não é um dia, mas O dia e eu confesso para os meus botões, enquanto tu guias em direcção à praia, que há muito que não me sentia assim e que nada disto pode ser desperdiçado. Nada.

  Lentamente, deixaram-se de ouvir pássaros para se passarem a ouvir grilos, deixou-se de ver o sol para se passar a ver a luz da lua reflectida no mar e com uma manta estendida na areia estou eu, estamos nós, num tempo que é só nosso, num espaço que é só nosso, na nossa viagem. E eu juro que não há nem pode haver, viagem igual.

MB