Tão diferentes, Tão iguais




"Disseste-me que tinha o sorriso mais lindo deste mundo e que eu era aquele género de pessoa que me estava sempre a rir, e que mesmo quando as situações não tinham piada suficiente, eu ria-me na mesma, não pela piada, mas por ser naturalmente feliz, por ser uma amante da vida."

  A forma como olhavas para mim sempre me encantou de uma maneira que nem sei bem definir. Não era só a expressão do amor, do orgulho, da ternura ou da felicidade que os teus olhos transmitiam. Era também a incompreensão, a confusão e a indignação. 
  Quando eu me punha a cantarolar versos de Pessoa ou de Florbela com uma sentimento e paixão próprios de mim, tu não me entendias. Não conseguias atravessar o meu horizonte de poeta e perceber o que aquilo significava para mim, o efeito de cada palavra no meu coração. E eu gostava disso, tal como tu gostavas quando eu não tinha capacidade para entender todos os teus quadros, mesmo gostando deles.
  O facto se nunca nos termos sabido de cor nunca foi um defeito mas sim uma virtude. Se tu me tivesses decorado ou eu a ti, deixaria de poder ver a beleza das tuas rugas de expressão quando estavas perdido nos meus versos, deixaria de poder perder horas de conversa a partilhar todos os meus sentimentos contigo, deixaria de poder eu mesma perder-me nas tuas pinturas em busca de um significado ou deixaríamos de nos procurar um ao outro na tentativa de, todos os dias, encontrar-mos algo de novo em cada um de nós. Porque antes de nos amar-mos por as pessoas que cada um de nós éramos, antes de eu te amar pela pessoa maravilhosa que sempre foste, nós começamos a amarmo-nos pelas diferenças que nós tínhamos, pelos opostos que nós sempre fomos.
  Hoje, mesmo depois de tudo não passar de memórias, recordações e sonhos pendentes, continuo a definir-te como alguém que vale a pena, como alguém que merece ser amado, seja por quem for. E se não for por mim, então que seja por alguém que consiga reconhecer em ti a pessoa autêntica que tu és e que te valorize com o imenso valor que tu tens. Não há ninguém como tu era algo que te repetia vezes sem conta, não só por ser verdade mas para que nunca te esquecesses da vida e raridade que te preenchem.
  Eu sei que me admiravas principalmente por eu ser diferente, por eu pensar por mim mesma e por não me deixar levar pelos olhos da sociedade mas somente pelos meus. Sei que te orgulhavas de eu tentar, todos os dias, dar sentido à minha vida, procurando aquilo que me dava razão para viver, apreciando aquilo que realmente importa que são as coisas simples da vida.
 Sei tão bem que te envaidecias, tal como eu, de ambos sermos amantes da vida.

MB

6 comentários:

Áries disse...

que lindo! fiquei encantada!

Luís V. disse...

gostei mesmo, Mariazinha

Rumo das palavras disse...

um comboio sabia mesmo bem, sentadinha a ouvir musica e a escrever. era cinco estrelas

Rumo das palavras disse...

nem mais! a visitar lugares bonitos de portugal (:

souokiko disse...

Gostei :')

#

Mel disse...

Sensacional(: